Inflação argentina acelera e atinge a maior marca mensal em 32 anos; alta acumulada chegou a 124,4% em 12 meses

Presidente argentino Alberto Fernández | Imagem por Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil (EBC)

BUENOS AIRES, 13 de setembro — De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina, a inflação anual da Argentina atingiu em agosto 124,4% no acumulado de 12 meses; o avanço foi impulsionado principalmente pelos aumentos nos setores de alimentos (15,6%), saúde (15,3%), eletrodomésticos (14,1%), restaurantes e hotelaria (12,4%), recreação e cultura (11,6%), transporte (10,5%), bens e serviços (9,4%), vestuário (9,1%), serviços essenciais (9,1%) e educação (8,7%).

A inflação mensal argentina alcançou 12,4% neste mês de agosto com relação ao mês de julho. Essa foi a primeira vez que o indicador atingiu dois dígitos em 21 anos e é a maior marca já registrada em 32 anos.

O país passará por uma eleição presidencial no próximo mês (22 de outubro) e o atual ministro da Economia, Sergio Massa, enfrentará o candidato libertário Javier Milei, que figura isolado em primeiro colocado nas principais pesquisas eleitorais locais.

Na votação das primárias, no meio do mês passado, Milei liderou a disputa com 30%, contra 21,4% de Sérgio Massa e 17% de Patrícia Bullrich (ex-ministra da Segurança do governo Macri), mesmo tendo aparecido em terceiro colocado nas pesquisas.

Caso haja um segundo turno, a disputa será travada no dia 19 de novembro.

A Argentina, que vive uma das mais duras crises econômicas de sua história, com uma inflação que deve superar os 140% neste ano (dados estimados sem contar com a alta deste mês), além de estar passando por uma seca histórica, está contando com uma linha de crédito “abrangente” brasileira e com acordos com a China para tentar estabilizar sua situação.

No último dia 28 de agosto, em uma coletiva ao lado do ministro da Fazenda Fernando Haddad, durante visita ao Brasil (visita que foi vista como exclusivamente política), o ministro e candidato Sergio Massa anunciou um acordo com o Brasil de até R$ 3 bilhões em financiamentos de exportações.

Segundo o ministro Haddad, para afastar o medo de calote dos exportadores brasileiros, estes venderão para a Argentina, serão pagos pelo Banco do Brasil, que receberá garantia da CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe) de um pagamento argentino em Yuan (moeda chinesa).

A conversão da moeda chinesa para reais aconteceria em Londres pelo próprio Banco do Brasil.

Uma reunião com o banco CAF será realizada em em breve para a assinatura dos documentos pertinentes (formalização de aceitação – ou recusa – da proposta).

Haddad também disse que o governo manterá a posição de garantir US$ 600 milhões à Argentina mesmo que a CAF negue a proposta.

De acordo com o que foi dito na coletiva com o ministro argentino, o valor será destinado principalmente ao setor automobilístico e alimentício.

A Argentina também está entre os seis países que foram convidados na última cúpula dos BRICS para integrar o grupo a partir de 2024 (o candidato que lidera as pesquisas argentinas, Javier Milei, é radicalmente contra os BRICS).


(Em atualização)

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