BRASÍLIA, 30 de outubro — A Polícia Civil de Roraima, em parceria com a Polícia Militar, com o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e com a SESP (Secretaria de Segurança Pública), está cumprindo mandados de prisão contra três pessoas, entre elas o ex-senador Telmário Mota, por mandar matar (acusação formal da Polícia Civil) sua ex-esposa Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos.
As outras duas pessoas procuradas são o sobrinho do ex-senador, Harrison Nei Correa Mota (“Ney Mentira”) e Leandro Luz da Conceição, suspeito de dar o tiro que tirou a vida de Antônia.
Antônia foi morta com um tiro na cabeça no último dia 29 de setembro, enquanto saía de casa para trabalhar, na zona Oeste de Boa Vista, capital de Roraima.
A filha do antigo relacionamento registrou um boletim de ocorrência no ano passado acusando o próprio pai de estupro. De acordo com a jovem no boletim de ocorrência, Telmário teria forçado ela a entrar em um veículo e depois teria tocado suas partes íntimas em pleno Dia dos Pais.
Segundo documentos obtidos pela Rede Amazônica (afiliada da Globo localmente), a investigação indica que a decisão de matar Antônia foi tomada em uma reunião na fazenda Caçada Real, onde Telmário teria deixado o sobrinho como responsável pela execução.
A moto utilizada no crime foi comprada pelo sobrinho do ex-senador (comprada com dinheiro em espécie).
A moto chegou a ser levada a uma oficina mecânica pela assessora de Telmário para que fossem realizados reparos. Ela mesma foi vista entregando a moto aos assassinos (além de ter sido filmada pilotando a moto um dia antes do crime).
A polícia está procurando pelo ex-senador em Brasília.
Telmário ocupou uma cadeira na Casa alta do Congresso por apenas um mandato (2014~2022), e não foi reeleito na última eleição após terminar a disputa em terceiro lugar, com pouco mais de 19 mil votos.
Ele ficou conhecido em 2019 quando, por conta própria, visitou o ditador venezuelano Nicolás Maduro como se fosse um representante brasileiro, afim de, segundo ele, melhorar as relações entre os países e reabrir as fronteiras.
Telmário começou sua vida política sendo vereador na capital Boa Vista pela sigla PDT, porém saiu do partido em 2017 após ser expulso por votar a favor PEC do teto dos gastos públicos. Depois disso, o político passou pelas siglas PTB (se candidatou ao governo de Roraima em 2018 e acabou em último lugar), PROS e SOLIDARIEDADE (foi desfiliado no último dia 17).
O ex-senador também foi alvo, como um dos investigados, da mesma operação que pegou o senador Chico Rodrigues (ainda no Congresso) com mais de R$33 mil entre as nádegas (com direito a notas de R$200) e que buscava por desvios de recursos durante a pandemia (Operação Desvid-19).
Por conta da investigação, Telmário foi impedido de se comunicar com o senador Chico Rodrigues (União-RR).
Nas eleições do ano passado, ele declarou um patrimônio de R$3.528.550,00 ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No pleito perdido, Telmário recebeu R$ 3.000.000,00 do “Fundão” partidário e mais R$ 27.000,00 em doações de duas pessoas físicas.
De acordo com o que foi declarado, deste valor, o ex-senador gastou R$3.025.975,45 (sobrou apenas R$1.024,55).
Entre os gastos financiados com o Fundão eleitoral (dinheiro de imposto) na eleição perdida, estão R$685 mil em “Serviços advocatícios”, R$670 mil em “Produção de programas de rádio, televisão ou vídeo”, R$576,4 mil em “Atividades de militância e mobilização de rua”, R$430,9 mil em “Cessão ou locação de veículos”, R$168,7 mil em “Combustíveis e lubrificantes”, R$151,9 mil em “Publicidade por materiais impressos” e R$ 148,1 mil em “Publicidade por adesivos”.
ATUALIZAÇÃO
- 23h52. O ex-senador Telmário Mota foi preso nesta noite na cidade de Nerópolis, em Goiás;
- —
(Em atualização)