BRASÍLIA, 11 de dezembro — O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, que deixou a Suprema Corte no fim de março deste ano, está sendo cotado para assumir o Ministério da Justiça para substituir Flávio Dino, que em Brasília já é visto como aprovado na sabatina do Senado e um futuro ocupante da cadeira que pertenceu à ex-ministra Rosa Weber.
Lewandowski, além de ser próximo de Lula e não ter aspirações políticas, serviria para destravar a guerra criada na base do presidente pela cadeira de Dino, que hoje tem como principais concorrentes a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), e a presidente da sigla PT e deputada federal Gleisi Hoffmann, que apesar da campanha interna, dificilmente assumirá um ministério.
Lula tem dito a aliados que Lewandowski seria “um novo tom” no Ministério da Justiça, o comparando com o seu ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, que é considerado o ministro “mais poderoso” e influente que o atual mandatário já teve (2003~2007).
Até o dia de sua morte, em 2014, Thomaz Bastos trabalhou como advogado das polêmicas Odebrecht e da Camargo Correa em casos da Lava Jato.
Apesar de Lewandowski negar que tenha sido sondado para assumir o ministério da Justiça, ele foi um dos convidados que viajaram na última semana com Lula para Dubai para participar da 28ª Conferência de Mudanças Climáticas.
É esperado que o próximo ministro da Justiça seja apontado ao cargo apenas após a aprovação de Dino no Senado.
Dino será sabatinado no Senado para ocupar uma cadeira STF na próxima quarta-feira (13). Ambos, governo, Centrão e alguns ministros do Supremo estão trabalhando diariamente para que a aprovação ocorra com uma vantagem tranquila de votos.
Relevante: Ainda no Supremo (indicado por Lula em 2006), no fim do ano passado, durante a transição, Lewandowski já era cotado para assumir um ministério no atual governo (Defesa).
Setor privado: Desde que deixou o STF, Lewandowski trabalha como consultor sênior do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS e da J&F investimentos, que em breve importará, com recente autorização do governo para abastecer Roraima, energia elétrica da Venezuela através da empresa Âmbar (habilitada no mês passado).
Segundo o valor acordado com o governo brasileiro, pela energia elétrica importada pela Âmbar para abastecer Roraima, o consumidor pagará de R$900 a R$1.080 pelo MWh (megawatt-hora), valor muito acima do cobrado pela fornecedora venezuelana, que é de cerca de R$250 pelo MWh. A justificativa apresentada pela empresa é de que esse valor ainda seria metade do valor já pago em Roraima, que possui a tarifa mais cara do país.
Mesmo necessitando de uma aprovação do Ministério de Minas e Energia (MME), a empresa escolhida para fazer essa operação não precisa passar por uma licitação. Apenas a empresa Âmbar, da J&F investimentos, teve o interesse em operar com a Venezuela.
Enquanto a empresa era aprovada pelo comitê do ministério, em 25 de outubro, o ministro titular Alexandre Silveira estava em Caracas, capital venezuelana, tratando da compra de energia elétrica.
A ratificação da portaria que autorizou a Âmbar como importadora de energia elétrica da Venezuela foi publicada em Diário Oficial no último dia 30 de novembro.
(Em atualização)