Papa reclama de “muita bichice” ao recomendar que Igreja não aceite mais formar Padres gays

Papa Francisco | Imagem por Mazur catholicnews.org.uk (CC)

VATICANO, 27 de maio — Uma declaração do Papa Francisco, na qual ele desaconselha a Igreja a aceitar candidatos gays para o treinamento sacerdotal, apesar desta ser há muito tempo a posição oficial da Igreja Católica, ganhou destaque no noticiário internacional nesta segunda-feira.

Durante uma reunião confidencial de 90 minutos, ocorrida em 20 de maio na antiga sala do sínodo do Vaticano, com mais de 200 membros da conferência episcopal italiana e respondendo a uma pergunta de um Bispo sobre o que ele deveria fazer “quando um homossexual assumido bate à porta do seminário”, o Pontífice disse que “é necessário estabelecer diretrizes e prevenir o risco de que a pessoa gay que escolhe o sacerdócio possa acabar vivendo uma vida dupla, continuando a praticar a homossexualidade e, ao mesmo tempo, sofrendo com essa dissimulação”.

Francisco terminou sua fala dizendo que “já tem muita bichice” (“c’è gia troppa frociaggine”) nos seminários da Igreja.

Antes de chegar ao Papa, esse tema já estava sendo discutido há algum tempo pela conferência dos bispos italianos. De acordo com o jornal local Il Corriere della Sera, durante sua reunião em Assis em novembro passado, os bispos locais aprovaram por maioria um novo documento chamado “Ratio Formationis Sacerdotalis”, que ainda não foi aprovado pela Santa Sé, que regularia a admissão e formação de pessoas abertamente homossexuais nos seminários italianos desde que houvesse uma garantia de que a pessoa “soubesse viver a disciplina do celibato”.

O tema é abordado sob a ótica de um documento publicado pelo Vaticano em 2005 que diz que “em acordo com a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, considera necessário afirmar claramente que a Igreja, embora respeite profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao seminário ou às ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay”.

Após a divulgação dos comentários e a repercussão do assunto, emissários do Papa disseram à mídia local que Francisco “não estava ciente da conotação ofensiva do termo”, já que o italiano não é sua língua materna, e que o Pontífice quis expressar sua preferência por evitar problemas.


Em março deste ano, durante a abertura do Simpósio Internacional “Homem-Mulher: Imagem de Deus”, o Papa Francisco também virou notícia ao criticar a “ideologia de gênero”, descrita por ele como uma “ideologia feia dos nossos tempos” que apaga todas as distinções entre homens e mulheres.

De acordo com o Pontífice, que em março do ano passado já havia dito que a ideologia de gênero “confunde as diferenças e o valor de homens e mulheres” e que o assunto é uma das “colonizações ideológicas mais perigosas”, ignorar essa diferença é “apagar a humanidade”.

Em 2016, em uma de suas falas mais famosas sobre o tema, Francisco havia criticado as escolas que ensinavam às crianças que o sexo poderia ser escolhido; “Hoje, as crianças — crianças! — aprendem na escola que todos podem escolher seu sexo. Por que eles estão ensinando isso? Porque os livros são fornecidos pelas pessoas e instituições que lhe dão dinheiro. Essas formas de colonização ideológica também são apoiadas por países influentes. E isso é terrível!”.

No Vaticano, durante o seu Papado, Francisco já chegou a dizer que Deus ama todos como são e pediu aos católicos que façam mais para “acolher as pessoas da comunidade LGBTQ na Igreja”, apesar de reconhecer que isso ainda seria um “pecado”, e também já defendeu que os países não criem leis que venham a criminalizar a homossexualidade (ao falar sobre regimes que punem ou até executam homossexuais).


(Matéria em atualização)

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