CARACAS, 28 de maio — Restando exatos dois meses até a próxima “eleição” presidencial venezuelana, o ex-parlamentar e chefe do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela (TSE venezuelano), Elvis Amoroso, disse há pouco, em um comunicado à imprensa que foi transmitido na TV estatal local, que a Venezuela retirou oficialmente o convite que havia sido feito aos observadores da União Europeia para que eles pudessem acompanhar o pleito que foi marcado para o dia 28 de julho (data de aniversário do falecido ditador venezuelano Hugo Chávez).
“Pelas razões expostas, ratifica-se a decisão soberana do CNE de revogar e deixar sem efeito o convite que foi estendido à União Europeia para que participasse de uma missão de observação eleitoral, pois seria imoral permitir sua participação conhecendo suas práticas neocolonialistas e intervencionistas contra a Venezuela. A presença de observadores da União Europeia não é bem-vinda em um processo eleitoral tão importante.” -Elvis Amoroso
A observação internacional de missões técnicas da União Europeia, da ONU e de outros organismos internacionais é um dos pontos acordados no Acordo de Barbados.
Esse acordo, firmado em outubro de 2023 na Noruega entre o regime venezuelano e a oposição representada pela Plataforma Unitaria Democrática, em teoria, havia estabelecido “garantias eleitorais” para que ocorressem eleições presidenciais justas no país em troca da suspensão e até a eliminação de sanções internacionais.
O pedido formal para a retirada do convite aos europeus partiu da Assembleia Nacional, que é controlada pelo regime de Maduro.
O convite havia sido enviado em março, imediatamente após o anúncio da data da “eleição”.
Eleição sem opositores: Todos os opositores relevantes do regime venezuelano foram barrados de concorrer neste pleito pelo mesmo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela.
A principal opositora do país, María Corina Machado, que foi quem venceu as primárias venezuelanas por uma larga vantagem, não conseguiu registrar sua candidatura.
Hoje, Corina pretende disputar o pleito sob o registro que foi concedido a um candidato desconhecido chamado Edmundo González Urrutia.
Antes de se unir a Edmundo, Corina tentou contar com a candidata Corina Yoris (80) como sua representante, que não tinha histórico político no país nem qualquer impugnação contra seu nome.
Passado o prazo de registro, Yoris sequer foi possibilitada de registrar sua candidatura.
Corina Machado mantém sua agenda de eventos eleitorais e continua a atrair grandes públicos diariamente em todo o país.
HISTÓRIA DA INABILITAÇÃO DE CORINA MACHADO (PRINCIPAL OPOSITORA NO PAÍS): Em fevereiro de 2014, Corina Machado, então deputada, foi uma das maiores líderes das grandes manifestações contrárias ao regime venezuelano que foram registradas na Venezuela.
Seu mandato na Assembleia Nacional venezuelana, que na época era comandada por Diosdado Cabello, um dos maiores narcotraficantes da América do Sul, hoje um dos ‘braços direitos’ de Maduro e líder da milícia armada do regime, os “Colectivos”, foi cassado cerca de um mês depois.
Em 2015, com o argumento de que Corina não havia declarado patrimônios (o que foi negado por ela), a Controladoria-Geral venezuelana condenou a opositora a não exercer cargos públicos por 12 meses e a proibiu de deixar o país.
Em teoria, María Corina Machado já estava liberada para concorrer às eleições venezuelanas. No entanto, em julho do ano passado, a Corregedoria-Geral decidiu, após um pedido de revisão feito por um deputado aliado ao regime local, que, devido ao seu apoio às sanções dos Estados Unidos contra o ditador Maduro, a punição seria “estendida” por mais 15 anos a partir da data da decisão.
Corina, uma “católica ferrenha”, é conhecida localmente como “dama de ferro” e sempre foi uma das vozes mais firmes contra os chavistas, recusando qualquer tipo de acordo e sendo uma crítica e opositora até mesmo do antigo governo paralelo de Juan Guaidó.
Relevante: Além dos candidatos à presidência venezuelana, o regime de Maduro também já inabilitou inúmeros candidatos que disputariam importantes cargos regionais contra candidatos do ditador Nicolás Maduro nas próximas “eleições” regionais venezuelanas que deverão acontecer em 2025.
(Matéria em atualização)