Magalu, que participou do movimento pró-“Taxa da blusinha”, anuncia parceria com a chinesa AliExpress para vender seus produtos no Brasil

Imagem ilustrativa por Germano Lüders/Magazine Luiza (CC)

SÃO PAULO, 24 de junho — A gigante do varejo nacional Magazine Luiza (MGLU3), que participou do lobby da indústria nacional pela aprovação da chamada “Taxa da blusinha”, que elevará para 44,5% (por enquanto) o imposto sobre compras internacionais com valores abaixo de US$ 50 (dólares americanos), anunciou há pouco uma parceria com a gigante chinesa AliExpress, permitindo que a AliExpress venda seus produtos no marketplace da Magalu e que a brasileira venda seus produtos no marketplace que pertence ao grupo chinês Alibaba.

“Quanto mais produtos disponíveis para o consumidor dentro da minha plataforma, melhor […] As chances de conversão dos dois canais é enorme. Estamos muito animados com a potência da parceria” -Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza

Segundo as empresas, que serão remuneraras individualmente pelas próprias taxas sobre os valores nas suas respectivas plataformas, a previsão é que a parceria já tenha início no terceiro trimestre de 2024.

Nota pública do Magazine Luiza

“Serão disponibilizados produtos das mais diversas categorias, totalmente complementares às disponíveis atualmente no e-commerce do Magalu. Com isso, a Companhia amplia de forma significativa o sortimento oferecido, acelerando a sua estratégia de diversificação de categorias e de aumento da frequência de compra. Os pedidos realizados no Magalu serão importados por meio do programa Remessa Conforme, impulsionando a operação cross border da Companhia. Ao mesmo tempo, o Magalu oferecerá produtos do seu estoque próprio na plataforma brasileira do Aliexpress, também complementando o sortimento oferecido por eles. Serão vendidos, inicialmente, itens das categorias de bens duráveis, nas quais o Magalu é líder de mercado no Brasil, com capilaridade logística e multicanalidade, fortalecendo também as vendas do e-commerce com estoque próprio (1P) da Companhia. A parceria potencializa duas das maiores audiências do e-commerce brasileiro, com mais de 700 milhões de visitas mensais nas duas empresas, e possibilita que o consumidor final tenha acesso a um amplo portfólio de produtos, com curadoria e serviço de qualidade” -Magazine Luiza

A responsabilidade pela entrega dos produtos continuará com os respectivos marketplaces, mas há planos futuros para as duas empresas colaborarem em logística.


SOBRE A “TAXAÇÃO DAS BLUSINHAS”: Desde o início do programa “Remessa Conforme”, que entrou em vigor em agosto no fim do ano passado, compras de até US$ 50 são taxadas no Brasil apenas com o ICMS no momento do pagamento da compra (taxa estadual de 17% que chega aos 20,5% somando todos os encargos).

Com a aprovação da “Taxa da blusinha”, compras ABAIXO de US$ 50 serão taxadas com o ICMS + 20% de imposto federal (somando com os encargos, a compra será taxada em 44,5%).

O imposto ainda deveria incidir sobre o frete, seguro e taxas de serviço.

Vale ressaltar que, conforme noticiamos no dia 25/04, os estados estudam aumentar o ICMS sobre remessas de 17% para 25%, o que elevará o custo total, apenas sobre o imposto estadual, para 33%*

Também desde agosto, compras com valores ACIMA de US$ 50 já são taxadas em cerca de 92% (somando taxa federal, estadual e todos os encargos).

Apesar da aprovação pelo Congresso, já era previsto que o governo começaria a impor taxas sobre a compra de produtos abaixo de US$ 50, conforme indicado no projeto da Reforma Tributária que foi apresentado na última semana de abril.

A pedido do lobby da indústria nacional, é esperado que o novo imposto para compras com valores abaixo de US$ 50 suba já no próximo ano (fora do período eleitoral), sem passar pelo Congresso, e ultrapasse os 60%.

No fim de maio, Arthur Lira defendeu nova taxação em uma coletiva de imprensa citando um estudo da FSB, encomendado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria, apoiadora do projeto), que apontava que 60% dos consumidores de compras da China seriam das classes A e B.

O dado citado por Lira diz justamente o contrário das últimas pesquisas sobre o assunto que foram realizadas até o começo deste ano.

Uma delas, realizada em julho do ano passado a pedido da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), mostrou que empresas como Shopee, AliExpress, SHEIN, Amazon e Ebay eram a preferência de quase 74% dos consumidores das classes C, D e E.

Outras pesquisas, conduzidas pela Ipsos e pela Plano CDE a pedido da SHEIN e da AliExpress, também apresentaram resultados contrários aos da pesquisa mencionada por Lira.

De acordo com a pesquisa da Ipsos, 50% dos clientes da chinesa SHEIN eram das classes D e E, e 38% da classe C.

De acordo com a pesquisa da Plano CDE, realizada entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, 61% dos consumidores afirmaram que os sites internacionais proporcionaram uma maior acessibilidade aos bens de consumo para a população de baixa renda.

A pesquisa também revelou que 66% dos consumidores brasileiros, sendo a maioria das classes C, D e E, deixaram de realizar compras internacionais por conta do novo imposto que está sendo cobrado já na hora da compra de produtos acima de US$50, que 75% dos entrevistados eram contrários ao aumento de impostos para compras internacionais, e que 87% acreditavam que o certo seria reduzir os impostos das compras internacionais.


(Matéria em atualização)

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