Antes fã da Operação, Gilmar Mendes cita mensagens hackeadas e compara a Lava Jato com o PCC

Ministro Gilmar Mendes | Imagem por Fellipe Sampaio/SCO/STF

BRASÍLIA, 13 de abril — Durante sua participação na Brazil Conference, evento anual realizado nos Estados Unidos que neste ano ocorre na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao citar a operação Spoofing e as mensagens hackeadas da chamada “vaza jato”, comparou a Operação Lava Jato ao PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior organização criminosa das Américas em número de membros, ocupação territorial e presença estrutural.

De acordo com o ministro, ele afirmou ter “orgulho de ter participado desse processo de desmanche da lava jato” e declarou que, na época, já adivinhava e “já sabia” que a operação “ia dar errado” e se tornaria uma “organização criminosa”. Segundo Gilmar, essa “capacidade” de percepção teria sido adquirida por conta de “envelhecer lendo”.

“Fico muito orgulhoso de ter participado desse processo de desmanche da Lava Jato, porque era uma organização criminosa […] Uma vantagem da gente envelhecer lendo é que a gente acaba ganhando essa capacidade de adivinhar. Então, acho que adivinhei. Essas coisas são muito dramáticas […] Vi que aquele momento era decisivo e passei a dizer que aquilo ia dar errado. Pelos dados, pelas más práticas que foram reveladas. Tudo aquilo que depois se revelou na chamada Vaza Jato e depois na Operação Spoofing, parece que eu já sabia. Que o juiz combinava com os procuradores as ações. E depois isso tudo ficou provado. O que a gente escuta na Operação Spoofing, falando como que eles iriam destruir a vida empresarial do empresário A, do empresário B, do empresário C, a gente pensa que é uma conversa do PCC-Gilmar Mendes

A declaração de 2025 em Harvard contrasta com sua fala marcante de setembro de 2015, quando, no auge da Operação Lava Jato, o ministro, sem meias palavras, afirmou: “A Lava Jato estragou tudo. Evidente que a Lava Jato não estava nos planos [do PT], porque o plano era perfeito, mas não combinaram com os russos. Era uma forma fácil de se eternizar no poder. Pelas contas do novo orçamento da Petrobras, R$ 6.8 bilhões foram destinados à propina. Se um terço disso foi para o partido, eles têm algo em torno de R$ 2 bilhões de reais em caixa. Era fácil disputar eleição com isso. Na verdade, o que se instalou no país nesses últimos anos e está sendo revelado na Lava Jato é um modelo de governança corrupta, algo que merece um nome claro de cleptocracia. Veja o que fizeram com a Petrobras. Eles tinham se tornado donos da Petrobras. Infelizmente, para eles, e felizmente, para o Brasil, deu errado”.

Vale ressaltar que, segundo o último relatório do Supremo, divulgado pelo ministro Edson Fachin em 2024, os acordos de colaboração premiada homologados pela Corte — sem incluir os diversos e bilionários acordos de leniência suspensos por decisões do ministro Dias Toffoli — resultaram na recuperação de mais de R$ 2.067.745.683,22 para os cofres públicos desde o início da força-tarefa há dez anos, por meio do pagamento de multas ou da devolução de bens e valores à União.


(Matéria em atualização)

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