Após Lula marcar encontro com Lewandowski, Brasília já dá como certo o convite para que o ex-ministro do STF ocupe o Ministério da Justiça

Ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski | Imagem por Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil (EBC)

BRASÍLIA, 8 de janeiro — De acordo com pessoas próximas à Presidência, Lula já teria batido o martelo para indicar o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski para ocupar o lugar de Flávio Dino na chefia do Ministério da Justiça; o ex-ministro do Supremo terá um encontro com Lula ainda hoje para definir os detalhes e provavelmente receber o convite formal.

Lewandowski, além de ser próximo de Lula e não ter aspirações políticas, serviria para destravar a guerra criada na base do presidente pela cadeira de Dino, que tinha como principais concorrentes a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), e a presidente da sigla PT e deputada federal Gleisi Hoffmann, que sofreu uma dura derrota interna na disputa.

Desde dezembro, Lula tem dito a aliados que Lewandowski seria “um novo tom” no Ministério da Justiça, o comparando com o seu ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, que é considerado o ministro “mais poderoso” e influente que o atual mandatário já teve (2003~2007).

Até o dia de sua morte, em 2014, Thomaz Bastos trabalhou como advogado das polêmicas Odebrecht e Camargo Correa em casos da Lava Jato.

Lewandowski foi um dos convidados que viajaram no fim do ano passado com Lula para Dubai para participar da 28ª Conferência de Mudanças Climáticas.

Caso a escolha seja oficializada hoje, é esperado que Flávio Dino deixe sua cadeira no Ministério da Justiça até o fim da semana para já dar lugar ao novo ministro

Seguindo o cronograma, Dino será empossado no Supremo Tribunal Fededal no próximo dia 22 de fevereiro.

Relevante: Ainda no Supremo (indicado por Lula em 2006), no fim de 2022, durante a transição, Lewandowski já era cotado para assumir um ministério no atual governo (Defesa).


Setor privado: Desde que deixou o STF, Lewandowski trabalha como consultor sênior do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS e da J&F investimentos, que em breve importará, com recente autorização do governo para abastecer Roraima, energia elétrica da Venezuela através da empresa Âmbar (habilitada em novembro).

Segundo o valor acordado com o governo brasileiro, pela energia elétrica importada pela Âmbar para abastecer Roraima, o consumidor pagará de R$900 a R$1.080 pelo MWh (megawatt-hora), valor muito acima do cobrado pela fornecedora venezuelana, que é de cerca de R$250 pelo MWh. A justificativa apresentada pela empresa é de que esse valor ainda seria metade do valor já pago em Roraima, que possui a tarifa mais cara do país.

Mesmo necessitando de uma aprovação do Ministério de Minas e Energia (MME), a empresa escolhida para fazer essa operação não precisa passar por uma licitação. Apenas a empresa Âmbar, da J&F investimentos, teve o interesse em operar com a Venezuela.

Enquanto a empresa era aprovada pelo comitê do ministério, em 25 de outubro do ano passado, o ministro titular Alexandre Silveira estava em Caracas, capital venezuelana, tratando da compra de energia elétrica.

A ratificação da portaria que autorizou a Âmbar como importadora de energia elétrica da Venezuela foi publicada em Diário Oficial no último dia 30 de novembro.


(Em atualização)

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