Após veto a observadores europeus: Governo brasileiro volta atrás e diz que enviará observadores para acompanhar as “eleições” venezuelanas

Ditador venezuelano Nicolás Maduro | Imagem por Eneas De Troya (CC)

BRASÍLIA, 18 de julho — O governo brasileiro, que anteriormente afirmou que recusaria o convite feito ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não enviaria observadores para acompanhar as “eleições” na Venezuela após o regime local vetar observadores europeus, agora anuncia que enviará uma missão para monitorar o “pleito” que está marcado para acontecer no próximo dia 28 (data de aniversário do falecido ditador venezuelano Hugo Chávez).

Ontem, em um comunicado transmitido, o TSE anunciou o envio ao país dos “especialistas em sistemas eleitorais” Sandra Damiani e José de Melo Cruz, destacando a medida como um sinal positivo do comprometimento do Estado brasileiro com o processo eleitoral local.

O ditador venezuelano Nicolás Maduro, em teoria, disputará a eleição contra Edmundo González Urrutia, representante da coalizão opositora, a Plataforma Unitária, substituindo a líder da oposição María Corina Machado, cuja candidatura foi inabilitada pelo regime. Além deles, participarão das eleições mais 11 candidatos que estão preenchendo tabela e são ligados a Maduro.


HISTÓRICO DO CONVITE: O convite ao TSE, que foi estendido ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), chegou ao Brasil em 17 de maio. Seu recebimento foi confirmado – e negado – apenas em 30 de maio, dois dias após o regime venezuelano afirmar que seria “imoral permitir” observadores europeus no país. De acordo com o regime, esses observadores seriam vistos como representantes de países “neocolonialistas e intervencionistas contra a Venezuela”, e a presença de observadores da União Europeia não seria “bem-vinda em um processo eleitoral tão significativo”.

A observação internacional de missões técnicas da União Europeia, da ONU e de outros organismos internacionais é um dos pontos acordados no Acordo de Barbados.

Esse acordo, firmado em outubro de 2023 na Noruega entre o regime venezuelano e a oposição representada pela Plataforma Unitaria Democrática, em teoria, havia estabelecido “garantias eleitorais” para que ocorressem eleições presidenciais justas no país em troca da suspensão e até a eliminação de sanções internacionais.

O pedido formal para a retirada do convite aos europeus partiu da Assembleia Nacional, que é controlada pelo regime de Maduro.


HISTÓRICO DA INABILITAÇÃO POLÍTICA DE CORINA MACHADO (PRINCIPAL OPOSITORA NO PAÍS): Em fevereiro de 2014, María Corina Machado, então deputada, emergiu como uma das principais líderes das grandes manifestações contra o regime venezuelano que estavam acontecendo naquele período.

Seu mandato na Assembleia Nacional venezuelana, na época liderada por Diosdado Cabello, um dos maiores narcotraficantes da América do Sul e atualmente o braço direito de Maduro (líder da milícia armada do regime, os “Colectivos”), foi cassado cerca de um mês depois.

Em 2015, com o argumento de que Corina não havia declarado alguns patrimônios (o que foi negado por ela), a Controladoria-Geral venezuelana, controlada pelo regime local, condenou a opositora a não exercer cargos públicos por 12 meses e a proibiu de deixar o país.

Postagem de 2015 da TV estatal venezuelana anunciando a punição por “12 meses”

Em teoria, María Corina Machado já estava liberada para concorrer às eleições venezuelanas. No entanto, em julho do ano passado, a Corregedoria-Geral decidiu, após um pedido de revisão feito por um deputado aliado ao regime local, que, devido ao seu apoio às sanções dos Estados Unidos contra o ditador Maduro, a punição seria “estendida” por mais 15 anos a partir da data da decisão.

Corina, uma “católica ferrenha”, é conhecida localmente como “dama de ferro” e sempre foi uma das vozes mais firmes contra os chavistas, recusando qualquer tipo de acordo e sendo uma crítica e opositora até mesmo do antigo governo paralelo de Juan Guaidó.

Relevante: Além dos candidatos à presidência venezuelana, o regime de Maduro também já inabilitou inúmeros candidatos que disputariam importantes cargos regionais contra candidatos do ditador Nicolás Maduro nas próximas “eleições” regionais venezuelanas que deverão acontecer em 2025.

Ainda é esperado que Maduro encontre uma maneira de vetar a candidatura do representante que está sendo utilizado pela opositora María Corina Machado, que arrasta multidões diariamente em seu país.

No final de março, durante uma transmissão ao vivo, Maduro, depois de classificar como “covarde” a esquerda política sul-americana que começou a criticá-lo de forma suave, rotulou o partido da oposição venezuelana Vente Venezuela, liderado por Corina, como um “movimento terrorista”.


(Matéria em atualização)

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