JERUSALÉM, 24 de janeiro — O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, durante viagem à Israel, resolveu fazer sua primeira postagem em redes sociais desde o dia 21/04/2022, com uma atualização de suas fotos de perfil da rede 𝕏, exibindo a imagem de reféns que foram sequestrados no 7 de outubro pelo grupo terrorista Hamas em Israel; sua foto de perfil, que exibe seu rosto, também foi atualizada para uma versão em preto em branco.
Mendonça, junto com uma comitiva de magistrados do STJ (Superior Tribunal de Justiça), do STM (Superior Tribunal Militar), do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do RJ) e do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), está em Israel a convite da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e da ONG israelense StandWithUs.
Os magistrados chegaram em Israel em dois grupos que embarcaram nos dias 20 e 23 de janeiro.
Interlocutores do Supremo disseram que alguns ministros tentaram convencer Mendonça a não ir nessa viagem.
A visita do ministro acontece logo após o Brasil assinar oficialmente uma denúncia da África do Sul na Corte Internacional de Justiça da ONU (Organização das Nações Unidas), que acusa o Estado israelense de promover um “genocídio” em Gaza.
O anúncio de que o Brasil assinaria a denúncia foi divulgado no último dia 10 de janeiro após uma longa reunião entre o Lula e o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben (se reporta à Autoridade Palestina/Fatah e está no cargo desde 2008).
O movimento brasileiro foge do posicionamento natural de equilíbrio e imparcialidade adotado pelo Itamaraty, que foi utilizado inúmeras vezes pelo governo durante os quase dois anos da invasão russa na Ucrânia e outros conflitos e guerras ao redor do planeta.
Nesta semana, no dia 20/01, Israel também voltou a ser assunto no Brasil após o ex-presidente nacional e ex-deputado do Partido dos Trabalhadores (PT), o ainda líder da sigla José Genoino, sugerir em uma transmissão ao vivo um “boicote a empresas de judeus”.
A frase gerou uma grande repercussão negativa e até uma notícia-crime contra o ex-deputado apresentada pela CONIB.
O refém Brasileiro: Entre os reféns que ainda se encontram na lista de sequestrados pelas Brigadas al-Qassam, o braço armado do grupo terrorista Hamas em Gaza, está o brasileiro-israelense Michel Nisenbaum, de Niterói (RJ).
Michel tem 59 anos, trabalha como técnico de informática em Israel, é pai de duas filhas e avô de cinco netos. Ele precisa de cuidados médicos para tratar a diabetes e a doença de Crohn.
O brasileiro foi visto pela última vez quando estava indo buscar uma neta em uma base próxima de Gaza. Seu veículo foi encontrado queimado e uma das chamadas telefônicas da família foi atendida por pessoas que gritavam “viva o Hamas”.
No último dia 30 de novembro, Michel, que até o momento não apareceu em listas de negociações, foi citado pelo presidente Lula durante a visita do mandatário ao Qatar. De acordo com Lula, no primeiro posicionamento vindo de um oficial brasileiro sobre o estado do refém, Michel poderia “ser liberado por esses dias”.
“O nosso coração está pingando sangue e eu não tenho palavras para poder explicar o que está passando com toda a nossa família. A nossa mãe chora o tempo todo e de uma família completa, passamos a ser uma família com menos um. Não podemos voltar a vida que tínhamos antes e até agora estamos vivendo dentro de um pesadelo. Eu gostaria de acordar bem e feliz desse mesmo pesadelo” -Mary Shohat, irmã de Michel durante discurso no Senado brasileiro (11/12/2023)
Apoio inesperado francês: Parlamentares franceses criam no fim do ano passado a operação “um refém, um parlamentar” para “apadrinhar” reféns israelenses que estão detidos em Gaza pelo grupo terrorista Hamas e “defender suas causas até que eles voltem para casa”.
O brasileiro Michel Nisenbaum foi apadrinhado pelo deputado de centro Robin Reda, do partido do presidente Macron (não pertence ao mesmo grupo político por ter divergências na questão da reforma da previdência, na lei de segurança global e na gestão da pandemia*).
(Em atualização)