BRASÍLIA, 11 de janeiro — Como antecipado, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski foi anunciado agora como o novo ministro da Justiça e da Segurança Pública e deverá assumir a pasta no início de fevereiro; sua posse está marcada para acontecer no dia 1° de fevereiro para que ele tenha tempo de comunicar pessoalmente seus clientes privados, entre eles o Grupo J&F (dono da JBS, dos irmãos Batista) sobre a sua escolha.
Os dias até sua posse também serão utilizados para que ele tenha mais tempo de montar sua equipe, que deverá substituir completamente a equipe de Dino.
Lewandowski recebeu o convite oficial na noite de ontem, durante uma reunião com o presidente Lula e Flávio Dino, que deverá exercer seu mandato de Senador até o dia de sua posse no Supremo Tribunal Federal, que acontecerá em 22 de fevereiro.
O ministro Ricardo Lewandowski, além de ser próximo de Lula e não ter aspirações políticas, serviria para destravar a guerra criada na base do presidente pela cadeira de Dino, que tinha como principais concorrentes a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), e a presidente da sigla PT e deputada federal Gleisi Hoffmann, que sofreu uma dura derrota interna na disputa.
Desde dezembro, Lula tem dito a aliados que Lewandowski seria “um novo tom” no Ministério da Justiça, o comparando com o seu ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, que é considerado o ministro “mais poderoso” e influente que o atual mandatário já teve (2003~2007).
Até o dia de sua morte, em 2014, Thomaz Bastos trabalhou como advogado das polêmicas Odebrecht e Camargo Correa em casos da Lava Jato.
Lewandowski foi um dos convidados que viajaram no fim do ano passado com Lula para Dubai para participar da 28ª Conferência de Mudanças Climáticas.
Seguindo o cronograma, o ex-ocupante da cadeira Flávio Dino será empossado no Supremo Tribunal Fededal no próximo dia 22 de fevereiro.
Relevante: Ainda no Supremo (indicado por Lula em 2006), no fim de 2022, durante a transição, Lewandowski já era cotado para assumir um ministério no atual governo (Defesa).
Setor privado: Desde que deixou o STF, Lewandowski trabalha como consultor sênior do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS e da J&F investimentos, que em breve importará, com recente autorização do governo para abastecer Roraima, energia elétrica da Venezuela através da empresa Âmbar (habilitada em novembro).
Segundo o valor acordado com o governo brasileiro, pela energia elétrica importada pela Âmbar para abastecer Roraima, o consumidor pagará de R$900 a R$1.080 pelo MWh (megawatt-hora), valor muito acima do cobrado pela fornecedora venezuelana, que é de cerca de R$250 pelo MWh. A justificativa apresentada pela empresa é de que esse valor ainda seria metade do valor já pago em Roraima, que possui a tarifa mais cara do país.
Mesmo necessitando de uma aprovação do Ministério de Minas e Energia (MME), a empresa escolhida para fazer essa operação não precisa passar por uma licitação. Apenas a empresa Âmbar, da J&F investimentos, teve o interesse em operar com a Venezuela.
Enquanto a empresa era aprovada pelo comitê do ministério, em 25 de outubro do ano passado, o ministro titular Alexandre Silveiraestava em Caracas, capital venezuelana, tratando da compra de energia elétrica.
A ratificação da portaria que autorizou a Âmbar como importadora de energia elétrica da Venezuela foi publicada em Diário Oficial no último dia 30 de novembro.
(Matéria em atualização)