BUENOS AIRES, 2 de março — Em discurso realizado na abertura das Sessões Ordinárias do Congresso da Argentina, o presidente argentino Javier Milei, ao anunciar um novo pacote de medidas “anticasta” que foi enviado aos parlamentares, após fazer várias críticas direcionadas à classe política e à situação econômica do país, oficializou sua promessa de campanha de propor o fim da principal estatal de notícias da Argentina, a conhecida Télam, fundada em 1945.
Sob o argumento de reduzir gastos ‘imorais’ e deixar de financiar militância jornalística, Milei também propôs o corte na publicidade oficial nos meios de comunicação da Argentina por um ano.
“Sempre dissemos que pedimos o voto do povo não para que nos deem poder, mas para devolvê-lo aos argentinos. Essa cruzada começa por reduzir o tamanho do Estado ao mínimo indispensável e eliminar privilégios para políticos e seus amigos. Por isso, passamos de 18 para 8 ministérios e de 106 para 54 secretarias, reduzindo os cargos públicos de alto escalão em mais de 50%. Isso sim é uma motosserra. Além disso, cancelamos a publicidade oficial nos meios de comunicação por um ano, o que resultará em uma economia de mais de 100 bilhões de pesos, se considerarmos o gasto do ano passado. É imoral que em um país pobre como o nosso, os governos gastem o dinheiro do povo para comprar a lealdade de jornalistas. Adicionalmente, eliminamos agências governamentais como o INADI, que além de exercer o papel de polícia do pensamento, contava com um orçamento anual de 2,8 bilhões de pesos para manter militantes pagos. Seguindo essa mesma linha, vamos fechar a agência Télam, que tem sido usada nas últimas décadas como agência de propaganda kirchnerista.” -presidente argentino Javier Milei
Outras medidas anunciadas pelo presidente argentino incluem:
- A criação de um critério regulatório da Administração Nacional de Aviação Civil para que políticos e familiares não possam utilizar voos privados, apenas comerciais;
- O fim do financiamento público de partidos políticos – “Cada partido terá que se financiar com contribuições voluntárias de doadores ou afiliados próprios”;
- Redução no número de assessores de deputados e senadores;
- Punição para presidentes, vice-presidentes, ministros da economia e parlamentares que aprovarem o controle do déficit público com a emissão de moeda;
- A criação de uma lei similar à Ficha Limpa, para barrar candidatos condenados em segunda instância;
- O corte de aposentadoria de funcionários públicos condenados em segunda instância (aposentadorias ligadas ao cargo público);
- Eleições para a presidência de sindicatos, com limite de 4 anos de mandato, com direito a uma reeleição.
O discurso do presidente foi noticiado pela própria agência de notícias que será fechada e que já está oficialmente sob intervenção do governo por conta de um decreto que foi assinado no mês passado.
Desde novembro do ano passado Milei já prometia fechar a agência Télam, classificada por ele mesmo como “mecanismo de propaganda”.
Na época, tocando no assunto, Milei disse em uma entrevista que “tudo o que puder estar nas mãos do setor privado, estará nas mãos do setor privado”.
De acordo com o mandatário, o governo lutará fortemente para aprovar as medidas do novo pacote.
(Matéria em atualização)