PF pede ao Supremo a quebra de sigilos bancário e fiscal do deputado Janones por suspeita de rachadinha para reconstruir seu patrimônio e bancar despesas

Deputado André Janones | Imagem por Renato Araújo/Câmara dos Deputados

BRASÍLIA, 30 de janeiro — A Polícia Federal pediu hoje ao Supremo Tribunal Federal a quebra dos sigilos bancário e fiscal do deputado federal André Janones (AVANTE-MG) para elucidar uma investigação sobre um suposto caso de rachadinhas, que segundo a própria PF, pode ter existido no gabinete do parlamentar; o pedido também inclui as quebras dos sigilos de seis assessores do parlamentar.

O inquérito contra o deputado foi aberto em dezembro do ano passado, a pedido da Procuradoria-Geral da República, pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal.

Antes da abertura do inquérito, o portal Metrópoles divulgou um áudio de Janones, gravado pelo ex-assessor do parlamentar, o jornalista Cefas Luiz, em fevereiro de 2019, explicando aos seus assessores que acha justo ficar com uma parte de seus salários para pagar seus prejuízos de uma campanha eleitoral fracassada à prefeitura da cidade mineira de Ituiutaba em 2016. No pleito, Janones acabou em segundo lugar, com apenas 13 mil votos (24% dos votos).

“O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção […] Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser […] e se eu tiver que ser colocado contra a parede, eu não tô fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, renunciar hoje seria uma coisa tão natural. Se amanhã vier uma decisão da Justiça: ‘o André perdeu o mandato’, você sabe o que é eu não me entristecer um milímetro?” -André Janones

De acordo com o delegado que conduz as investigações do caso, Roberto Santos Costa, existem “inconsistências e contradições” nos depoimentos que foram colhidos até o momento.

“As diligências concluídas até o momento sugerem a existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete do deputado […] A investigação também aponta ocorrência de depósitos fracionados realizados em conta de André Janones, como possível subterfúgio para burlar a identificação da origem desses recursos bem como a comunicação das operações em espécie à unidade de inteligência financeira, com a efetivação de, pelo menos, 9 depósitos, entre os dias 24/07/2023 e 26/07/2023, que totalizaram a quantia de R$ 15.000,00 […] Embora os assessores neguem envolvimento no esquema de ‘rachadinha’, as discrepâncias em seus depoimentos evidenciam a necessidade de um aprofundamento nas investigações . Afinal, é crucial considerar que todos os assessores investigados ainda mantêm vínculos com o Deputado Federal André Janones, dependendo de seus cargos ou para a sua sobrevivência política ou para a sua subsistência […] a análise conjunta das declarações obtidas nas oitivas com o conteúdo dos áudios (e com as diligências empreendidas) revela uma série de inconsistências e contradições” -Polícia Federal

No dia 27 de novembro, o jornalista e ex-assessor que gravou a conversa divulgada pelo portal Metrópoles, em entrevista à CNN Brasil, disse que a prática era comum e que a atual prefeita da cidade mineira de Ituiutaba, seria uma ex-assessora do parlamentar responsável pela rachadinha; “Leandra Guedes era namorada e assessora dele na época e ela era responsável por pegar o dinheiro de rachadinha dos funcionários. Nada era pago em banco. Era em dinheiro vivo.-entrevista à emissora CNN Brasil

Os pedidos de quebras de sigilos deverão ser analisados pelo ministro pelo próprio ministro Fux.

Em suas redes pessoais, Janones disse que já colocou as contas à disposição dos investigadores; “Me causa estranheza a PF pedir a quebra de meu sigilo fiscal e bancário, sendo que eu já os coloquei a disposição desde o início das investigações, e até hoje não fui sequer ouvido”.


O mineiro André Janones ficou conhecido após virar um “porta-voz” da famosa paralisação dos caminhoneiros de 2018 (era a conta que mais engajava sobre o tema), tendo acesso até às reuniões dos grevistas.

Janones foi posteriormente afastado pelo grupo de liderança dos grevistas após jornais revelarem que ele nunca tinha sido um caminhoneiro e que já havia sido filiado à sigla PT entre os anos de 2002 e 2015.

No fim de 2018, impulsionado pela fama recente, Janones foi eleito com 178.660 votos à Câmara pela Sigla Avante após ter recebido cerca de R$ 200 mil do Fundão. Na época, o parlamentar era um crítico da esquerda política e do atual presidente Lula.

Em 2022, agora como base de apoio do presidente Lula e depois de ter experimentado uma breve campanha presidencial, Janones foi reeleito com 238.967 votos após receber cerca de R$ 2 milhões do Fundão.


(Matéria em atualização)

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