BRASÍLIA, 8 de dezembro — A Divisão de Enfrentamento ao Terrorismo da Polícia Federal, após um mês de investigações, concluiu que dois sírios-brasileiros identificados como Mohamed Khir Abdulmajid e Lucas Passos Lima estavam recrutando brasileiros para a realização de ataques terroristas contra alvos da comunidade judaica no Brasil.
De acordo com as investigações, ao menos três brasileiros foram recrutados e levados ao Líbano (com hospedagem de luxo e dinheiro), base do grupo terrorista (e partido político libanês) Hezbollah – grupo que é armado e financiado pelo Irã –, para negociar o pagamento pelos ataques.
Locais religiosos da comunidade judaica em Goiás e no DF estavam sendo vigiados pelos presos (com vídeos e fotos durante o dia e a noite). Na investigação, a PF aponta uma “lealdade desmedida” ao grupo terrorista por parte de um dos presos (Lucas), que frequentemente citava sua “missão” e o “cumprimento de tarefas sem recuar”.
“A gente vai fazer o que você quiser, assaltar banco, explodir carro forte né, o que você quiser fazer” -trecho de áudio encontrado nos arquivos de Mohamed Khir Abdulmajid
Outros dois dos detidos na Operação “Trapiche”, que prendeu os investigados por “atos preparatórios de terrorismo”, foram liberados pela Justiça a pedido da Polícia Federal, que descartou o envolvimento deles com o grupo terrorista Hezbollah (não tinham ligações com o grupo, colaboraram com PF e não representariam riscos à sociedade).
Um dos libertados chegou a receber uma oferta de US$100 mil para assassinar pessoas.
As prisões de Mohamed Khir Abdulmajid e Lucas Passos Lima foram convertidas de temporárias para preventivas (sem prazo definido).
Existe uma pressão para que o governo brasileiro se manifeste publicamente sobre a investigação da PF, que na prática aponta o Irã como mentor do planejamento de atentados dentro do Brasil. Em fevereiro deste ano, como mensagem política de boas relações, sob protesto de países como EUA e Israel, o Brasil aceitou que navios de guerra (armados) iranianos atracassem na costa brasileira (navios que foram barrados pelos nossos países vizinhos).
A Marinha brasileira apenas concede liberação para embarcações estrangeiras atracarem no Brasil após uma solicitação do Itamaraty, que – em teoria – leva em consideração o pedido da embaixada solicitante e fatores logísticos (além da questão política).
O Hezbollah tem uma presença forte e antiga no Brasil. Muitas famílias ligadas ao grupo vieram para o Brasil, que possui uma grande cominidade libanesa, na última guerra contra Israel.
Desde o início da guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas em Gaza, Israel e Hezbollah estão trocando pequenos ataques na fronteira entre os dois países.
Era esperado que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciasse que entraria de fato na guerra contra Israel em um discurso público que foi realizado no último dia 03/11, porém o discurso morno apenas repetiu as mesmas ameaças vazias e pediu que os Estados Unidos forçassem Israel a aceitar um cessar-fogo.
O Líbano não tem condições financeiras de suportar uma guerra entre o Hezbollah e Israel (e aliados, incluindo os Estados Unidos). Existe um consenso da população e da parte política do país de que isso destruiria o que ainda resta da economia libanesa.
O governo do Líbano está tão distante do Hezbollah que até forças especiais britânicas estavam em solo libanês, devidamente autorizados, treinando para retirar reféns de túneis do grupo terrorista Hamas, aliado do Hezbollah*
O grupo, que é considerado oficialmente terrorista pelos nossos vizinhos Argentina e Paraguai (além dos Estados Unidos e vários outros países), atua junto à organização criminosa paulista (uma das maiores do mundo) PCC, auxiliando no escoamento da cocaína através dos portos e aeroportos da região sudeste.
Outra droga que o Hezbollah também produz e vende é o GHB, conhecido popularmente como droga do estupro.
Existe uma preocupação regional de que o Irã, que recebeu no ano passado 1 milhão de hectares de terras agrícolas venezuelanas em uma acordo público com termos secretos firmado com o regime da Venezuela, use a região para expandir sua produção de drogas em troca de proteção e armamentos.
A Venezuela já utiliza e até fabrica equipamentos como drones kamikaze iranianos há alguns anos (drones operados por forças locais e pela milícia russa Grupo Wagner, que faz a segurança do ditador venezuelano Nicolás Maduro desde o último levante).
Apesar da proibição americana, a Venezuela opera regularmente os drones iranianos Mohajer-2 (localmente chamado de ANSU100), Shahed-191 (localmente chamado de ANSU200), Mohajer 6, Shahin (localmente chamado de ANSU500) e Yazdan (localmente chamado de ANSU).
Recentemente, o presidente boliviano Evo Morales também começou a negociar com o Irã a aquisição dos mesmos equipamentos militares.
(Em atualização)