Suprema Corte americana anula caso ‘Roe contra Wade’ e acaba com o direito constitucional ao aborto; decisão poderá ser tomada de forma individual por cada estado

Suprema Corte americana durante manifestação | Imagem por Kenny Holston

WASHINGTON DC, 24 de junho — A Suprema Corte Americans decidiu agora por anular a conhecida decisão “Roe contra Wade”, por 6 votos a 3, que havia estabelecido o direito constitucional ao aborto em todo o território americano em 1973.

A decisão escrita em 213 páginas, que já era esperada pela Corte de maioria conservadora, dá aos estados o poder de estabelecer suas próprias leis de aborto sem a preocupação de entrar em conflito com uma jurisprudência federal, que por quase meio século permitiu abortos durante os dois primeiros trimestres de gravidez.

O entendimento diz basicamente que a Constituição dos Estados Unidos não faz menções específicas sobre o aborto.

Mais da metade (~26) dos estados americanos deve proibir ou restringir severamente o aborto como resultado desta decisão da Suprema Corte.

“A Constituição não confere o direito ao aborto; Roe e Casey são anulados; e a autoridade para regular o aborto é devolvida ao povo e seus representantes eleitos” –trecho do resumo do parecer

No início de maio, havia ocorrido o vazamento proposital de um rascunho da Corte sobre a ‘opinião da maioria’ (pela derrubada da decisão), e isso gerou conflitos por todo o país.

Vários ministros que haviam se posicionado a favor da medida no documento vazado por um funcionário da Suprema Corte, começaram a sofrer ameaças, tiveram suas casas cercadas diariamente por manifestantes, etc.

Um homem (Nicholas John Roske, de 26 anos) chegou a ser preso com um plano de assassinar o ministro conservador Brett Kavanaugh.

O vazamento -sem precedentes- do rascunho de opinião dos ministros teve a intenção de constranger a Corte a não votar a matéria.

As alterações nas leis estaduais entrarão em vigor em breve; 13 estados já até escreveram as novas legislações.

Com uma possível maioria Republicana no Congresso americano nas próximas eleições (é comum o presidente perder a maioria na eleição legislativa do seu mandato), é difícil imaginar que alguma alteração possa ser feita por meio de novas leis sobre o tema.

Ponto relevante: O presidente americano Joe Biden fez um longo discurso condenando a decisão da Suprema Corte, porém ele mesmo enquanto senador, em 1973, criticou a jurisprudência formada no caso “Roe contra Wade” dizendo que ela ia “longe demais”, e já votou, em 1981 por mandar esse tipo de decisão para os estados.

Decisão oficial (completa):


(em atualização)

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