BRASÍLIA, 6 de julho — De acordo com o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, o governo adiou pela terceira vez a demissão da Ministra do Turismo, “Daniela do Waguinho”, que segundo o seu marido, o prefeito de Belford Roxo (RJ), “Waguinho”, entregaria sua carta de demissão na tarde de hoje.
O governo estaria deixando a demissão para depois (provavelmente acontecerá na próxima semana) para focar na aprovação na Câmara do Reforma Tributária, que deverá ser discutida e votada ainda hoje.
Celso Sabino, o aliado de Arthur Lira que assumirá a vaga de “Daniela do Waguinho”, passou o dia trabalhando para conseguir votos para a Reforma Tributária já como como um membro do governo (seu partido, União Brasil, pode mudar de posicionamento por conta do cargo não entregue*).
Neste momento, mesmo com o pedido da oposição para que a Reforma Tributária não seja votada hoje, o governo e a presidência da Câmara acreditam que possuem votos para a aprovação (média de 340 votos, sendo necessários 308).
Ontem, o governo empenhou cerca de R$ 5,25 bilhões em emendas individuais de transferência especial ( “emendas PIX”) para garantir a aprovação do projeto. Essa modalidade de emenda também é chamada de “emendas cheque em branco” por conta da dificuldade em rastrear a finalidade do dinheiro.
Quanto aos partidos que mais receberam emendas ontem estão o PL (R$ 679,8 milhões), PSD (R$ 652 milhões), PP (R$ 635,2 milhões), PT (R$ 561,7 milhões), MDB (R$ 543 milhões), União Brasil (R$ 513,3 milhões), Republicanos (R$ 364 milhões) e PSDB (R$ 245,6 milhões).
Os partidos que menos receberam foram o Cidadania (R$ 39,5 milhões), NOVO (R$ 20 milhões), REDE (R$ 11,6 milhões) e PSOL (R$ 1,8 milhão).
Somando com o dinheiro empenhado anteontem, o governo dedicou ao menos R$ 7,5 bilhões em 48 horas para aprovar a Reforma.
A saída da ministra foi acertada ontem após uma reunião entre o marido de Daniela (dono real da vaga, ao menos enquanto o casal pertencia à sigla União Brasil) e o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
A ministra realizou uma reunião com toda a sua equipe no início da tarde de hoje para comunicar sua saída e também tinha uma festa de despedida marcada para às 17h.
Além da distribuição de cargos de segundo e terceiro escalão, segundo o jornal O Globo, em troca de uma saída tranquila, o presidente Lula teria concordado em construir um Instituto Federal de Educação e um hospital do câncer em Belford Roxo, reduto eleitoral do marido de Daniela.
Outro ponto que está sendo negociado seria a nomeação da ministra (deputada federal) ao posto de vice-líder do governo na Câmara.
Waguinho foi uma figura muito disputada (por apoio) no segundo turno das últimas eleições presidenciais. O prefeito de Belford Roxo se reuniu com Jair Bolsonaro e Lula no mesmo dia, em 6 de outubro de 2022, e acabou divulgando apoio ao atual presidente, com a promessa de que ajudaria a reduzir a vantagem do ex-presidente Jair Bolsonaro na região (participaram juntos até de comícios na cidade do prefeito que foi reeleito em 2020 com 80,4% dos votos).
De acordo com dados do TSE, o ex-presidente Jair Bolsonaro venceu Lula em Belford Roxo com uma vantagem de 54,79% contra 38,90% no primeiro turno, e 60,2% contra 39,8% no segundo turno.
A ministra “Daniela do Waguinho” foi reeleita deputada federal em 2022 com a maior votação no Rio de Janeiro (213.706 votos), indicada ao comando da pasta do Turismo já no início do governo, e enfrentou vários pedidos para que fosse trocada ainda no começo do ano quando foram encontradas na internet fotos da ministra com vários milicianos do Rio.
Com a confirmação dessa troca, que foi novamente adiada e provavelmente acontecerá na próxima semana, Daniela será a segunda ministra a cair no governo.
Outro pedido que é nutrido pelo Centrão, mas que vem enfrentando resistência do próprio presidente, é a troca da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Em uma troca que poderá acontecer posteriormente, a ministra deverá ser substituída por um “nome técnico” (para não parecer que foi um indicado político) apadrinhado pela sigla PP, de Arthur Lira.
(Em atualização)