Bolívia negocia a compra de drones iranianos ‘kamikaze’ e de reconhecimento; equipamentos já são utilizados e até produzidos na Venezuela

Drone ‘kamikaze’ (loitering munition) iraniano Shahed-136 | Imagem por REPRODUÇÃO/YouTube (CC)

LA PAZ, 2 de agosto — A Bolívia, após visita do ministro da Defesa do país ao Irã no último dia 20 de julho, confirmou que está interessada em adquirir os drones que são utilizados diariamente pela Rússia na invasão à Ucrânia ‘para proteger as fronteiras’; de acordo com as estatais de notícias iranianas IRNA e Fars, os dois países assinaram um “memorando de entendimento sobre defesa e segurança” sobre o assunto.

“Os países latino-americanos têm um significado especial na política externa e de defesa do Irã, com base na importância da região sul-americana muito sensível” -ministro da Defesa iraniano Mohammad Reza Ashtiani

A confirmação do interesse do país nos drones iranianos veio a partir de pedidos da oposição boliviana e do ministério das Relações Exteriores da Argentina que solicitaram os dados sobre o que teria sido assinado no Irã durante visita do ministro da Defesa Edmundo Novillo.

Novillo disse formalmente que o acordo envolvia “drones modernos iranianos” e que o ministro das Relações Exteriores da Argentina estava exagerando sobre o assunto apenas porque possui descendência israelense.

De acordo com oficiais envolvidos nas negociações, os equipamentos de interesse seriam os drones “kamikaze” (loitering munition) Shahed-136 (e sua versão menor Shahed-131), e os drones de reconhecimento e ataque Mohajer-6 e Shahed-129.

Parlamentares da oposição acusam o governo boliviano de estar negociando até a compra de mísseis iranianos (não existem confirmações sobre esse tipo de negociação).

O acordo, que já estaria praticamente certo, envolveria o envio de lítio (para a confecção de armas nucleares) como parte do pagamento pelos equipamentos.

O Irã já participa da exploração de lítio no país desde 2010 (chamado localmente de “ouro branco”)*

Este tipo de equipamento já é vastamente utilizado por militares venezuelanos e russos (Forças regulares e membros do Grupo Wagner) na Venezuela.

Apesar da proibição americana, a Venezuela opera há alguns (poucos) anos os drones Mohajer-2 (localmente chamado de ANSU100), Shahed-191 (localmente chamados de ANSU200), Mohajer 6, Shahin (localmente chamado de ANSU500) e Yazdan (localmente chamado de ANSU).

O país também opera o drone de reconhecimento russo ORLAN-10 (frequentemente invadem o espaço aéreo colombiano)*

Drone iraniano Mohajer-2 (chamado de ANSU-100 na Venezuela) e bombas “GB-20”
Drone iraniano Shahin (chamado de ANSU-500 na Venezuela)
Drone iraniano Yazdan (chamado de ANSU na Venezuela)
Drone iraniano Mohajer-6 produzido na Venezuela (modelo da EANSA)
Drone iraniano Mohajer-6 produzido na Venezuela (modelo da EANSA)
Drone russo ORLAN-10 sendo operado na Venezuela (+confirmação aérea)

Relevante: O Irã recebeu do ditador venezuelano – em julho do ano passado – 1 milhão de hectares de terras agrícolas “para cultivo” e fechou um acordo de cooperação sigiloso de 20 anos na “área militar, petróleo, gás, agricultura e cultura”.


(Em atualização)

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