Estatal chinesa envia carta ao governo sinalizando o interesse na compra de 49% da principal empresa brasileira de sistemas de foguetes e mísseis

Sistema brasileiro Astros II MK6 disparando um míssil de cruzeiro AV-TM 300/MTC-300 | Imagem ilustrativa por UFSM/Avibras (CC)

BRASÍLIA, 16 de junho — Oficiais brasileiros confirmaram que o Brasil recebeu uma carta da estatal chinesa NORINCO (China North Industries Corporation) para comunicar o interesse chinês em comprar 49% das ações da empresa brasileira de Defesa Avibras Aeroespacial, uma das empresas mais estratégicas do país, especializada na fabricação de sistemas de artilharia de foguetes e na produção de mísseis e drones.

O documento oficial de interesse da China foi apresentado ao ministério da Defesa do Brasil na última quinta-feira (13).

Com dívidas que beiram os R$ 700 milhões e enfrentando dificuldades financeiras há mais de uma década, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial em 2022 e desde então já demitiu 1/3 de seus funcionários (os restantes não recebem salários há mais de um ano).

A oferta do regime chinês chegou logo após o grupo australiano DefendTex desistir de uma negociação avançada com a Avibras por questões contratuais e financeiras.

Um dos motivos teria sido a questão do veto brasileiro de enviar equipamentos à Ucrânia.

Um dos interesses do grupo australiano seria a produção e venda de foguetes 122mm ao país que seriam utilizados pelos lançadores autopropulsados soviéticos BM-21 GRAD.

BM-21 Grad ucraniano

O próximo passo será da diplomacia brasileira, que deverá analisar a negociação e seus impactos geopolíticos, embora não possa vetar a venda, apenas não recomendá-la.

“Hoje apareceu um novo candidato. Recebi uma carta de uma empresa de outro país, muito forte, com interesse em chegar com 49% [das ações]. Estamos trabalhando para que isso aconteça-José Múcio Monteiro, ministro da Defesa, em uma videoconferência com ex-ministros da Defesa promovida na última quinta-feira (13) pelo Centro de Defesa e Segurança Nacional

O primeiro contato da chinesa NORINCO sobre o assunto teria ocorrido durante a visita de uma delegação brasileira à estatal entre os dias 19 e 22 de junho do ano passado (equipe liderada pelo General Rocha Lima, chefe do Gabinete de Projetos).

Visita da delegação brasileira à estatal chinesa NORINCO realizada em junho do ano passado | Imagem por DIVULGAÇÃO/EB/NORINCO

O avanço das negociações fez com que o próprio comandante do Exército, o general de Exército Tomás Miguel Ribeiro Paiva, programasse uma viagem à China para o inicio do próximo mês em uma agenda que oficialmente falará em “discussões sobre o intercâmbio de informações na esfera cibernética” e discussões de parcerias do tipo “governo-a-governo” de projetos militares.

Caso o acordo seja finalizado, o regime chinês fornecerá o suporte financeiro necessário para estabilizar a crise da empresa, que, em contrapartida, se tornará a primeira base chinesa no continente para produção e suporte de seus equipamentos. Isso ampliaria a influência da NORINCO na região e abriria novas oportunidades de negócios para a empresa no futuro.

A Avibras está atualmente em fase final de testes do primeiro míssil tático de cruzeiro brasileiro, que tem um alcance útil de 300 km, e que é uma das principais prioridades do Exército para a defesa do território nacional.


(Matéria em atualização)

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