Em entrevista ao UOL, Lula diz que ainda não sabe se é preciso cortar gastos do governo ou aumentar a arrecadação

Presidente Lula | Imagem por Ricardo Stuckert/Presidência da República

BRASÍLIA, 26 de junho — Em uma entrevista concedida há pouco ao portal UOL, que também foi transmitida pelos canais oficiais do governo, o presidente Lula respondeu à jornalista Carla Araújo sobre a necessidade de cortar gastos e os planos de cortes que serão apresentados pelos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, indicando que ainda não decidiu se será necessário efetuar cortes ou aumentar a arrecadação.

A declaração de Lula ocorre um dia após a Receita Federal anunciar que a arrecadação geral de maio foi a maior dos últimos 24 anos.

Transmissão oficial

“O problema não é que tem que cortar. O problema é saber se precisa efetivamente cortar, ou se a gente precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão […] Gasto está sendo bem feito? Acho que está. Nós estamos fazendo uma análise de onde tem gasto exagerado, que não deveria ter, onde tem pessoas que não deveriam receber e estão recebendo. E com muita tranquilidade, sem levar em conta o nervosismo do mercado, levando em conta a necessidade de você manter política de investimento” -Lula

Questionado se o cenário atual já não estava marcado por receitas superestimadas, Lula voltou a mencionar seu veto à desoneração de 17 setores da economia, que foi posteriormente derrubado, questionando como poderiam falar em cortes de gastos enquanto o governo renunciava o recebimento de “uma quantidade enorme de recursos”: “Como a gente pode falar em gastos se a gente tá abrindo mão de receber uma quantidade enorme de recursos?”.

“Eu vetei, eles derrubaram o veto. E agora a Suprema Corte decidiu que se em 45 dias não tiver uma compensação o veto tá derrubado. Ora, como é que a gente pode falar em gasto se a gente tá abrindo mão de receber uma quantidade enorme de recursos que os empresários têm que pagar?” -Lula

Para justificar seu argumento, Lula também mencionou o pagamento de R$ 92 bilhões em precatórios como um dos gastos que pressionam o orçamento do governo, ressaltando que não podem ser eliminados.

Segundo Lula, as reportagens e críticas sobre um excesso de gastos do governo “não são verdade”.

Para afirmar que a dívida pública brasileira não cresce “muito rápido”, o presidente citou a relação da dívida pública do Brasil em relação ao PIB do país (~76%), e destacou que a dívida de países da OCDE, os quais são os países mais ricos, está acima de 100% do PIB.

Após os comentários, o dólar disparou e chegou a bater sua maior cotação em dois anos (maior cotação do atual governo): R$ 5,5216 (fechou o dia ontem valendo R$ 5,4534).


(Matéria em atualização)

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