BRASÍLIA, 27 de junho — O relator do julgamento que provavelmente terminará por deixar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por oito anos, ministro do STJ e corregedor-geral da Justiça Eleitoral Benedito Gonçalves, terminou agora de ler o seu voto pela condenação de Bolsonaro por “abuso de poder político” e “uso indevido dos meios de comunicação estatal” por conta de uma reunião que o ex-presidente realizou com 72 embaixadores no Palácio do Alvorada (reunião transmitida pela TV Brasil/EBC), em julho de 2022, com a temática voltada ao sistema eleitoral brasileiro (tratada na ação como “ataque” ao sistema eleitoral); a votação continuará na próxima quinta-feira (29) com os votos dos outros 6 ministros.
Gonçalves também foi o responsável pelo voto (seguido por unanimidade) que cassou o mandato do ex-procurador da Lava Jato e deputado federal Deltan Dallagnol, e é um dos mais cotados para assumir a próxima vaga ao STF que será aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber em outubro deste ano.
Na última quinta-feira (22), na abertura do julgamento, o Ministério Público Eleitoral, representado na figura do vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet (mais cotado para ser o próximo Procurador-geral da República, com apoio dos ministros Gilmar Mendes, seu ex-sócio no Instituto de Direito Público, e Alexandre de Moraes), pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Se condenado, o ex-presidente Jair Bolsonaro ficará de fora das disputas eleitorais até 2032 (Jair Bolsonaro fez 68 anos no dia 21 de março).
A ação pode ser paralisada por um pedido de vista, que é possível no caso do ministro Nunes Marques, membro do TSE, porém o ministro é o penúltimo a votar, e mesmo que conseguisse adiantar seu pedido de vista, só conseguiria adiar o julgamento por 60 dias (nova regra criada em fevereiro deste ano), e ainda teria o eventual constrangimento dos outros ministros adiantarem seus votos da mesma maneira e o julgamento ser paralisado temporariamente já com um resultado (maioria formada).
Hoje, o placar previsto para o julgamento seria de 6 a 1 ou 5 a 2 contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
(Em atualização)